Fisting e VIH

Fisting & VIH: O teu guia para diversão sem preocupações – honesto, direto e sem alarmismos

Fisting e VIH: Vamos falar abertamente


Ok, mão no coração (ou onde quer que a queira colocar agora): quando se fala de VIH, a maioria das pessoas pensa logo em sexo anal desprotegido. Fisting? Isso muitas vezes passa despercebido. Durante muito tempo, dizia-se que o risco era mínimo. Também parece lógico: sem pénis, sem problema, certo? Mas a coisa não é assim tão simples.

A verdade é: o risco de VIH no fisting é baixo, mas não é nulo. E é precisamente esta pequena, mas subtil diferença que justifica estarmos a falar sobre isto. Não se trata de estragar a diversão. Pelo contrário! Trata-se de lhe dar o conhecimento para que se sinta seguro e possa fechar o punho de forma descontraída – sem aquela vozinha de medo no fundo da cabeça. Este guia é o seu guarda-costas pessoal para as partes íntimas: explica o que se passa e mostra-lhe como proteger-se a si e aos outros facilmente.

Como é que o vírus entra em jogo? A questão dos arranhões invisíveis

O VIH precisa de um bilhete de entrada para o seu corpo. Estes bilhetes de entrada são, sobretudo, fluidos corporais que contêm o vírus, como o sangue, o esperma ou a secreção anal. No fisting, o tema principal é claramente: o sangue.

Imagine a mucosa do ânus como umas meias de seda finíssimas e supersensíveis. No fisting, estas “meias” são esticadas consideravelmente. Mesmo com a melhor das intenções e a mão mais suave, podem surgir pequenas fissuras invisíveis – as chamadas microfissuras. Não as vê, não as sente, mas elas estão lá. E são precisamente estas microfissuras que são como portas abertas para o vírus VIH.

Existe um risco em ambas as direções:

  1. Do parceiro passivo para o parceiro ativo: Se a pessoa que está a ser fistada for seropositiva, pode sair sangue com vírus destas microfissuras. Se a pessoa que está a fistar tiver pequenas feridas na mão – uma unha encravada, um arranhão do gato, pele seca – o vírus pode entrar na sua corrente sanguínea através destas zonas.
  1. Do parceiro ativo para o parceiro passivo: Se a pessoa que está a fistar tiver uma ferida a sangrar na mão e for seropositiva, o seu sangue pode entrar em contacto direto com a mucosa sensível do parceiro. O vírus entra através das microfissuras existentes.

Pode parecer dramático, mas estes cenários são raros. No entanto, mostram que, assim que o sangue entra em jogo, um risco teórico torna-se um risco real. Confiar simplesmente num “baixo risco” é como conduzir um carro sem cinto de segurança e esperar que nada aconteça. É melhor saber como colocar o cinto.

O seu kit de segurança para fisting: As três regras de ouro

A boa notícia: pode proteger-se de forma super eficaz e é totalmente descomplicado. Pense simplesmente nestas três regras de ouro. Elas são o seu escudo protetor pessoal para o máximo de diversão com o mínimo de risco.

Regra n.º 1: As luvas são a sua armadura de super-herói!

As luvas descartáveis de látex ou nitrilo são para o fisting o que o preservativo é para o sexo: uma barreira imbatível. Mantêm os vírus, as bactérias e tudo o resto que não deve ir de A para B, de forma fiável à distância. Uma luva não protege apenas contra o VIH, mas também contra arranhões das unhas e garante uma melhor higiene. Por isso: luva calçada, preocupações afastadas!

Dica profissional para diversão em grupo: Em festas de sexo ou ao trocar de parceiro, aplica-se a regra de ouro: Uma luva por pessoa e por orifício! Nunca troque de um parceiro para o outro com a mesma luva. É como partilhar os talheres com os outros sem os lavar entretanto – simplesmente não é uma boa ideia.

Regra n.º 2: O lubrificante é o seu melhor amigo – mais é mais!

Não poupe no lubrificante! Muito lubrificante não é apenas mais agradável, é uma proteção ativa. Quanto melhor deslizar, menos fricção é criada. Menos fricção significa menos stress para a mucosa e, consequentemente, um risco muito menor destas pequenas microfissuras desagradáveis. Por isso, seja generoso e passe mais lubrificante do que menos. A sua mucosa vai agradecer!

Regra n.º 3: Bom senso – com feridas, é preciso fazer uma pausa!

Isto é realmente lógico: se tiver uma ferida a sangrar na mão ou o seu parceiro tiver uma lesão recente na zona anal (como uma fissura ou hemorroidas a sangrar), então hoje simplesmente não é o dia certo para fazer fisting. Adie o encontro até que tudo esteja curado novamente. Fazer fisting com uma ferida aberta é uma roleta russa desnecessária.

A arma milagrosa da medicina: PrEP, PEP e U=U explicadas

Além das luvas e do lubrificante, a medicina moderna deu-nos algumas ferramentas que mudam realmente o jogo e que eliminam quase completamente o medo do VIH.

PrEP: A pílula antes – preciso disso para o fisting?

A PrEP (profilaxia pré-exposição) é uma prevenção medicamentosa contra o VIH. Uma pessoa seronegativa toma medicamentos para o VIH preventivamente para se proteger contra uma infeção. A PrEP é altamente eficaz – com a toma diária (ou com um esquema relacionado com a ocasião aplicado corretamente), evita uma infeção por VIH quase completamente. Agora pergunta-se: preciso de PrEP para o fisting?

Isso depende do seu perfil de risco pessoal. Se o fisting for a sua única prática sexual, utilizar sempre luvas e não tiver outros contactos de risco, a PrEP seria provavelmente agradável de ter, mas não estritamente necessária, uma vez que o risco é baixo de qualquer forma. No entanto, se for geralmente muito ativo sexualmente, tiver frequentemente parceiros diferentes e talvez também sexo anal desprotegido, então a PrEP pode ser uma excelente proteção adicional. Muitos HSH que praticam fisting em clubes ou sessões de grupo tomam PrEP simplesmente como segurança de fundo – para o caso de algo correr mal (por exemplo, uma luva rasgada ou contacto com sangue despercebido).

Na Alemanha, os custos da PrEP para pessoas com um risco substancial de VIH são, aliás, suportados pelos seguros de saúde. Ou seja: se tiver, por exemplo, parceiros diferentes regularmente, pode falar com um médico e obter a PrEP com receita médica, sem rebentar com a sua carteira. Importante: Antes de iniciar a PrEP e durante a mesma, são obrigatórios testes regulares de VIH (a cada 3 meses), bem como exames de hepatite e dos seus valores renais. Isto parece dar trabalho, mas faz parte do pacote de segurança.

Em suma: a PrEP compensa se se sentir mais confortável com ela ou se tiver outros riscos além do fisting. Protege-o contra o VIH, mas não contra outras ITS. Por conseguinte, não substitui coisas como luvas ou preservativos – complementa-os. Muitos sentem a PrEP como uma libertação, porque o medo do VIH desaparece e se podem sentir mais relaxados.

PEP: A pílula do dia seguinte – o seu extintor de incêndio de emergência

A PEP (profilaxia pós-exposição) é, por assim dizer, o plano de bombeiros, caso tenha ocorrido um contacto de risco real. Exemplo: fez fisting sem luva e descobre depois que o seu parceiro é seropositivo e não está a ser tratado – ou ocorreu uma lesão com sangue durante o fisting com um parceiro desconhecido. Nesses casos, a PEP pode ser útil: trata-se de uma combinação de medicamentos para o VIH que se inicia no prazo de 48 horas (máximo de 72 horas) após o contacto de risco e se toma durante 28 dias. Pode evitar uma infeção se for iniciada a tempo.

A PEP é uma emergência médica – quanto mais cedo, melhor (idealmente nas primeiras 2 horas). Pode obtê-la em hospitais maiores ou em médicos especializados em VIH. Para o caso, felizmente improvável, de “acontecer alguma coisa” durante o fisting, é bom já ter ouvido falar da palavra PEP. Concretamente: se acha que teve um verdadeiro incidente de risco de VIH, não hesite em perguntar sobre a PEP no hospital.

Mas salientamos: a PEP é o plano B, não uma licença para correr riscos. É cansativa (possíveis efeitos secundários) e não é 100% segura. É melhor não chegar à situação em que precisa de PEP através de precauções de sexo seguro.

U=U: A fórmula mágica que muda tudo

U=U é uma das melhores notícias das últimas décadas e significa Undetectable = Untransmittable. Em português: Indetetável = Intransmissível. Isto está cientificamente comprovado e não é uma estimativa.

Significa: uma pessoa seropositiva que toma os seus medicamentos regularmente tem tão poucos vírus no sangue que já não são detetáveis num teste. Neste estado, já não pode transmitir o vírus durante o sexo. Ponto final.

Para o fisting, isto é uma revolução! Se tiver um parceiro seropositivo, mas que está a fazer a sua terapia e é “indetetável”, então o VIH já não é um problema entre vocês. Teoricamente, poderiam até fazer fisting sem luva, sem que fosse possível uma transmissão.1 O conhecimento de U=U elimina o medo e cria um novo nível de confiança e intimidade.

Atenção, casos especiais: Quando a situação se complica

Duas situações precisam de atenção extra:

  1. A combinação: Fisting + sexo anal: Fisting como preliminar para sexo anal desprotegido é uma ideia de alto risco. Devido ao alongamento, a mucosa já está irritada e cheia de microfissuras. Se depois seguir um pénis sem preservativo, o vírus tem caminho livre. É mais seguro trocar a ordem ou usar um preservativo após o fisting.
  1. Estar com o período: Se uma pessoa for fistada durante o seu período, o sangue menstrual é um fluido de transmissão potencial, caso a pessoa seja seropositiva. Aqui, as luvas são absolutamente obrigatórias!

Para uma melhor visão geral, a tabela seguinte resume a avaliação de risco para diferentes cenários:

SituaçãoAvaliação do risco de VIHMedida(s) principal(is) recomendada(s)
Fisting com luva e muito lubrificanteExtremamente baixoContinuar; prestar atenção a luvas intactas.
Fisting sem luva (ambos os parceiros seguramente negativos e testados)Baixo (mas superior ao de luva)Avaliação de risco pessoal; comunicação aberta sobre o estado e os contactos sexuais fora da relação.
Fisting com ferida a sangrar na mão/na zona analAumentadoInterromper a prática até que as feridas estejam curadas.
Fisting com parceiro seropositivo (não tratado/carga viral desconhecida)Significativamente aumentadoUtilizar luvas obrigatoriamente; PrEP para parceiro negativo fortemente recomendada. Considerar PEP após contacto de risco.
Fisting com parceiro seropositivo (sob U=U)Praticamente nuloNão é possível a transmissão; luvas opcionais para higiene/bem-estar.
Troca de parceiros em ambientes de grupo (sem troca de luvas)Potencialmente aumentadoA troca rigorosa de luvas para cada parceiro/cada orifício é essencial.

Conheça o seu estado: Porque é que o teste é tão importante

Não importa o que faz e com quem – faça testes regularmente. Conhecer o seu próprio estado de VIH é a base para tudo. É um ato de amor-próprio e de respeito pelos seus parceiros. Só assim pode tomar decisões informadas. Um teste a cada poucos meses deve ser tão rotineiro para pessoas sexualmente ativas como escovar os dentes.

Conclusão: Saber é poder, não ter medo!

O fisting é uma prática excitante e segura quando feita corretamente. Não deixe que o medo do VIH lhe tire o prazer. Com o conhecimento certo e as ferramentas certas, tem o controlo.

O seu mantra para diversão segura:

  • Luvas e lubrificante são os seus melhores amigos.
  • PrEP e U=U são os superpoderes da medicina moderna.
  • Falar e testar são o alicerce da confiança.

Se tiver isto em mente, pode concentrar-se totalmente no que realmente importa: tesão, intimidade e um momento incrivelmente bom.

FAQ

O fisting é seguro ou não em relação ao VIH?

O fisting é uma prática de baixo risco, mas não isenta de riscos. O risco surge de pequenas fissuras com sangue na mucosa. Com luvas descartáveis e muito lubrificante, reduz este risco a zero e torna o fisting uma coisa muito segura.

Qual é a forma mais fácil e melhor de me proteger contra o VIH ao fazer fisting?

Está excelentemente protegido contra a hepatite A e B (e, portanto, também contra a D), o que é uma enorme vantagem! No entanto, a vacinação não protege contra a hepatite C. Aqui, continua a ter de se proteger através de medidas de proteção, como luvas e higiene rigorosa (não partilhar frascos de lubrificante!).

A PrEP faz sentido se eu “apenas” fizer fisting?

Se fizer fisting exclusivamente e usar sempre luvas, a PrEP não é estritamente necessária. No entanto, se também tiver outros contactos de risco (por exemplo, sexo anal desprotegido) ou tiver frequentemente parceiros diferentes, a PrEP é uma excelente linha de segurança adicional que lhe dá total tranquilidade.

O que significa exatamente este U=U para o fisting?

U=U significa “Indetetável = Intransmissível”. Se o seu parceiro for seropositivo e tiver uma carga viral indetetável graças à medicação, não o pode infetar durante o sexo. Isto também se aplica ao fisting. A transmissão do VIH é então excluída, mesmo sem luva.

Ajuda, aconteceu alguma coisa! E agora?

Teve um contacto de risco real (por exemplo, contacto com sangue sem luva com alguém que possa ser seropositivo e não esteja a ser tratado)? Então vá o mais depressa possível (de preferência dentro de horas) a um serviço de urgência ou a um médico especializado em VIH e pergunte sobre a PEP. Esta é uma pílula de emergência que ainda pode evitar uma infeção.

Fazer fisting antes do sexo anal é uma boa ideia?

Cuidado! O fisting pode irritar a mucosa. Se o sexo anal desprotegido seguir imediatamente, o risco de VIH é muito elevado. Melhor: primeiro sexo anal (com preservativo!), depois fisting. Ou usar um preservativo após o fisting em qualquer caso.

Com que frequência devo fazer o teste de VIH?

Para pessoas sexualmente ativas, um teste regular é uma excelente ideia. Com parceiros que mudam frequentemente, recomenda-se um teste a cada 3 meses. Numa relação estável ou com menos contactos, um teste a cada 6 a 12 meses também é suficiente para estar seguro.